Laboratório de Retrofit em bairros de Campinas

Duas palavras definem o estado de espírito para dar a volta por cima em tempos de pandemia: repaginação e reinvenção.

Os significados das duas palavras têm tudo a ver com retrofit, técnica para revitalizar casas e condomínios antigos.

Transformar antigas edificações em algo moderno e adaptadas às necessidades atuais é muito mais do que um mero modismo.

A ideia de revitalizar, repaginar e reinventar passam para a categoria de necessidades primárias, associadas à sobrevivência, considerando os tempos bicudos de pandemia.

Cadi Fredericci, investidora e síndica profissional, andando pelo seu bairro, no Cambuí, percebeu o número elevado de casarões fechados em decorrência do covid.

Essas casas são históricas e estão localizadas em pontos nobres.

A ideia do Programa Retrofit Bairros Inteligentes também foi inspirada a criatividade que busca solução ao drama vivenciado pelos proprietários desses imóveis.

Imagine o custo da depreciação somado à ausência de renda mensal.

"Temos ferramentas legais para criar um movimento para solucionar esse problema", sinaliza Fredericci.

E a palavra legal tem duplo sentido: de legalidade e de viabilidade.

Cadi Fredericci enxerga o Programa Retrofit Bairros Inteligentes como uma poderosa ferramenta para ativar a economia local com propósito de impacto social

As cenas de depreciação são recorrentes em toda a cidade. 

No entanto, para transformar a ideia da revitalização em realidade é necessário ligar os atores em um plano de cooperação integrada.

E o desafio neste momento é muito mais cultural para trabalhar novos modelos de negócios.

As plataformas digitais e tecnologias para criar movimento de negócios já estão disponíveis para ativar a economia. Mas para isso é necessário um plano.

Com um cenário de possíbilidades é possível dar uma resposta à realidade desoladora.

A ideia do retrofit soa muito bem e é apresentada como solução a partir dos estudos do Mapa de Desenvolvimento Bairros Inteligentes no Cambuí.

Transformar imóveis em hostel, por exemplo é uma visão que integra um quadro de revitalização mais amplo.

No estudo que a startup Bairros Inteligente desenvolveu no Mapa de Desenvolvimento, é uma boa base para trabalhar alternativas para viabilizar a retomada.

A grande vantagem é que existem ferramentas e o conceito da economia compartilhada demonstra que é algo factível.

O fato de tratar-se de uma tendência mundial indica que o caminho está correto.

Outro ponto favorável é que a Covid valoriza o ambiente onde as pessoas vivem, no caso, nos bairros.

O hostel é uma das opções da ocupação. Existem outros modelos que podem ser desenhados.

As análises de Big Data do Mapa de Desenvolvimento Bairros Inteligentes indica vocações, propõe alternativase estratégias.

Este estudo será repercutido em encontros virtuais e presenciais, assim que possível, a partir de meados de janeiro.

"Estamos falando de um movimento que aproxima vários atores: arquitetos, engenheiros, empresas de construção, gestores públicos, administradoras, dentre outros", visualiza Welton Curi, um dos arquitetos mais conceituados de Campinas, especializado em Plano Diretor e Leis de Zoneamento.

Com a plataforma Bairros Inteligentes será possível impulsionar o movimento do Programa Retrofit Bairros Inteligentes como o primeiro laboratório vivo com este propósito em nível nacional.

Imagine transformar essas casas em espaços valorizados

 As análises foram feitas ao longo de 6 meses e serão compartilhadas a partir da segunda quinzena de janeiro.

Um dos comportamentos da cultura colaborativa nesses bairros, principalmente no Cambuí, é o uso do aplicativo airbnb. 

Ou seja, já temos demanda.

A iniciativa de propor um Laboratório Vivo de Bairros Inteligentes no eixo de Retrofit é resultado de um longo período de análises.

Principalmente em uma cidade com tanta demanda de hospedagem de estudantes, que pulsa inovação com executivos, tem tudo para transformar-se em um modelo desse tipo de movimento.

"Inclusive, essa ideia encontra sinergia com Economia Criativa, pontua Gustavo Machado", especialista em Future Thinking.

Outro ponto que corrabora com a visão deste Lab: os hosteis são as opções preferidas entre jovens que gostam de viajar pelo mundo afora.

"Bairros como o Cambuí, Bosque e Centro, que vivem o drama da degradação nos tempos de covid, tem vocação para dar vida a um Programa de Retrofit", complementa o empresário Mauro Macedo, da Home Hunter.

A criação de uma rede de parceiros interessados no projeto demonstrou como essa ideia nasce forte.

Com a página na Plataforma Bairros Inteligentes, a ideia é captar os imóveis e compartilhar as ferramentas jurídicas que irão facilitar essas operações.

Também idenfificamos o perfil de interessados em gerenciar os hosteis.

"A ideia é aproximar esses atores e credenciar administradoras interessadas em participar do programa", sintetiza Cadi.

O projeto tem grandes chances de gerar trabalho e renda e impulsionar um movimento de ressignificação dos bairros, estendendo para condomínios verticais.

A demanda existe e o apoio do poder público virá na esteira.

Este projeto soa como um balsamo para arquitetos e engenheiros

Os estudos de Hosteis no mundo indicam como esta tendência faz a economia girar de forma colaborativa. 

Não é atoa que virou a opção preferida entre jovens que gostam de viajar pelo mundo afora.

Bairros como Cambuí, Bosque, Centro, dentre outros, tem a vantagem de terem casas que contam a história da cidade.

Estes ambientes, pontuados com praças tem vocação multicultural e podem reverter o clima de depreciação para algo descolado!

As praças históricas são maravilhosas. Os casarões são históricos.

A cidade de Campinas é jovem, no entanto, esses bairros convivem com usuários de todas as idades.

Os profissionais do Hub Bairros Inteligentes estão dispostos a colocar este projeto para rodar reunindo arquitetos e engenheiros locais, além de movimentar todos os players do setor da construção, administradoras, imobiliárias que tenham sinergia com o projeto.

"O conceito de Laboratório Vivo é justamente ativar cocriar para criar soluções tangíveis para escalar", confirma Josué de Menezes, gestor de Bairros Inteligentes.